Conflitos futuros e a organização do Exército
MARCELO OLIVEIRA LOPES SERRANO – Coronel da reserva (R1) do Exército
Resumo:
O artigo visa a demonstrar a inconveniência da ideia de que, em função de a guerra ter assumido uma suposta nova natureza, insurrecional e irregular, o Exército poderia organizar-se apenas com meios leves de combate, podendo prescindir de meios variados e pesados, aptos ao conflito convencional, que, segundo essa mesma ideia, não teriam mais reais possibilidades de ocorrer.
A questão é analisada segundo dois enfoques:
- qual é o grau de leveza das forças que enfrentaram operações de guerra recentemente?
- a tendência dos conflitos atuais confirmaria a impossibilidade futura de ocorrência de guerras convencionais entre estados?
No primeiro enfoque, constata-se que as tropas leves, empregadas em conflitos irregulares, não são, na realidade, tão leves como o que o Exército Brasileiro considera como tal, e que os meios pesados não deixaram inteiramente de ter função neste tipo de conflito. No segundo enfoque, após discorrer sobre o que renomados cientistas políticos concluíram a respeito das causas das guerras, verifica-se que estas causas não foram erradicadas do relacionamento internacional, portanto, não haveria razões objetivas e racionais para descartar a possibilidade de ocorrência delas.
Na conclusão, ressalta-se a necessidade de o Exército organizar-se para atuar em toda a amplitude do espectro dos conflitos, devido à impossibilidade de se saber, de antemão, em que grau de gravidade os nossos interesses essenciais poderão ser ameaçados futuramente.
Autor: MARCELO OLIVEIRA LOPES SERRANO – Coronel da reserva (R1) do Exército LATTES: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4283058A1
Oficial de Cavalaria da Reserva Remunerada (R1) do Exército Brasileiro, Prestador de Tarefa por Tempo Certo (PTTC) na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Possui graduação em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (1977), mestrado em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (1986), doutorado em Ciências Militares pela ECEME (1993) e pós-doutorado pela Collège Interamées de Defense (1998), com experiência na em Ciência Política com ênfase em Estratégia Militar.